quarta-feira, 23 de março de 2011

Dia Mundial da Árvore (I)

   No dia 21 de Março, Dia Mundial da Árvore, os alunos leram, na sala dos professores, um poema de António Gedeão - "Poema das Árvores". Os alunos ofereceram, ainda, a cada professor e funcionário da escola, uma camélia, acompanhada de uma mensagem de sensibilização para a protecção do ambiente.
   Obrigado aos alunos que colaboraram na leitura do poema e na entrega das flores.


Poema das Árvores

As árvores crescem sós. E a sós florescem.

Começam por ser anda. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem as folham, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.

António Gedeão
(in: Obra Poética, Lisboa, Edições JSC, 2001)

  

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